domingo, 1 de abril de 2012

Douro Internacional – património natural e humano


Laranjais junto ao Douro - Mazouco
 


Cavalo de Mazouco – Freixo de Espada à Cinta
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Como residente no Douro, na região vulgarmente denominada por “Cima-Corgo”, era para mim uma grande falha não conhecer o Douro Internacional. Filo de forma mais efetiva no final do verão passado. Repeti a experiência nesta primavera. Repetirei a experiência no próximo verão.
É um consolo apreciar a natureza, nesta região permanentemente ao rubro.
Os espaços bravios alternam com os cultivados. O mosaico daí resultante traduz-se em elevada produtividade em termos de biodiversidade.
É agradável apreciar as culturas tradicionais – amendoais e olivais. Alguns laranjais são visíveis junto ao Douro. Nos espaços bravios, sobreiros, carvalhos e azinheiras são reis entre zimbros, cornalheiras, zambujeiros, estevas, giestas e afins.
O ecossistema da zona está saudável e prova disso é, sem para que para isso tenha feito qualquer tipo de esforço, a quantidade de bicharada que vi num só fim-de-semana – grifos, abutres do Egipto, bandos de perdizes e pegas-azuis, uma raposa, …
Os velhos pombais e os seus pombos contribuem para alimentar as rapinas. O homem dá uma mãozinha às aves necrófagas criando alimentadores artificiais.
Entre escarpas, o Douro internacional forma verdadeiros canyons em alguns dos seus troços. O isolamento daí resultante constitui um verdadeiro paraíso para a vida selvagem.
O paraíso é extensível aos rios Côa e Águeda, afluentes dos Douro. No rio Côa localiza-se aliás a Faia Brava, a primeira Área Protegida Privada de Portugal, propriedade da Associação Transumância e Natureza.
O homem desde à muito se fixou na zona. Prova disso são as Gravuras Rupestres do Côa, património da humanidade. Mesmo junto ao Douro, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, encontra-se o Cavalo do Mazouco, a primeira gravura paleolítica ao ar livre descoberta na Europa. Confesso que me emocionei perante ela e a sensibilidade do homem que há 10.000 anos a gravou. A gravura encontra-se totalmente desprotegida num terreno particular. A falta de proteção permite uma maior aproximação, a gravura pode mais facilmente ser sentida. Mais frágil é contudo a sua segurança.
Rafael Carvalho – abril/2012

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