O "continente" visto da ilha
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Ponto triplo na foz do rio Paiva, a Ilha dos Amores localiza-se no único vértice comum aos distritos de Aveiro, Viseu e Porto. Aveiro – o meu berço; Viseu – a minha morada; Porto – a terra da minha cara-metade.
A bordo da minha canoa, após uma breve travessia no Douro, deleitei-me na paradisíaca Ilha dos Amores. Nesta ilha não encontrei as sedutoras Nereidas a que se referia Camões nos Lusíadas. Na Ilha dos Amores estão presentes porém todas as delícias da natureza.
Prenhe de biodiversidade, numa área de aproximadamente 5000 metros quadrados, uma ninharia, encontrei um paraíso perdido. No seio de um deserto desgraçadamente eucaliptizado, a Ilha dos Amores é um verdadeiro oásis - o isolamento permitiu que a ilha conservasse a sua vegetação autóctone.
Logo à chegada ao cais fui recebido pela salgueirinha, pelos juncos e salgueiros de diversas espécies. Estas plantas a que se juntam diversos fetos (feto-real incluído), avencas, amieiros, tamargueiras e freixos abundam em todo o perímetro da ilha, junto à linha de àgua.
Na minha deambulação pela ilha vi vários pés de Loendro, espécie autóctone abundante na bacia hidrográfica do Guadiana. Penso que o loendro terá sido aqui introduzido.
Não fosse a riqueza da ilha já de si grande, como se de uma verdadeira bebedeira botânica se tratasse, num exíguo espaço existem géneros botânicos com espécies a dobrar – pinheiro bravo e pinheiro manso; carvalho roble e carvalho negral.
Alcantilados entre grandes blocos graníticos, pinheiros mansos e sobreiros coroam o topo da ilha. Habituado a ver sobreiros circuncisados, com a sua espeça casca parecem-me estranhos estes sobreiros!Ponto triplo na foz do rio Paiva, a Ilha dos Amores localiza-se no único vértice comum aos distritos de Aveiro, Viseu e Porto. Aveiro – o meu berço; Viseu – a minha morada; Porto – a terra da minha cara-metade.
A bordo da minha canoa, após uma breve travessia no Douro, deleitei-me na paradisíaca Ilha dos Amores. Nesta ilha não encontrei as sedutoras Nereidas a que se referia Camões nos Lusíadas. Na Ilha dos Amores estão presentes porém todas as delícias da natureza.
Prenhe de biodiversidade, numa área de aproximadamente 5000 metros quadrados, uma ninharia, encontrei um paraíso perdido. No seio de um deserto desgraçadamente eucaliptizado, a Ilha dos Amores é um verdadeiro oásis - o isolamento permitiu que a ilha conservasse a sua vegetação autóctone.
Logo à chegada ao cais fui recebido pela salgueirinha, pelos juncos e salgueiros de diversas espécies. Estas plantas a que se juntam diversos fetos (feto-real incluído), avencas, amieiros, tamargueiras e freixos abundam em todo o perímetro da ilha, junto à linha de àgua.
Salgueirinha - folhas e flores
Tamargueira
Não fosse a riqueza da ilha já de si grande, como se de uma verdadeira bebedeira botânica se tratasse, num exíguo espaço existem géneros botânicos com espécies a dobrar – pinheiro bravo e pinheiro manso; carvalho roble e carvalho negral.
Sobreiro
Pinheiros-mansos alcandorados no topo da ilha
Com troncos retorcidos, contornando as rochas como se de bonsais gigantes se tratassem, a presença dos lódãos também se faz notar. A beleza desta árvore é acentuada pelos inúmeros verdes frutos pendentes.
Lodão - copa
Lodão - fruto
Na ilha existe uma velha construção em ruínas. Junto a ela algumas oliveiras. Há algumas dezenas de anos, quando a albufeira de Crestuma ainda não existia, acredito que a Ilha dos Amores só o fosse durante a invernia, sendo facilmente alcançada a pé durante o estio.
Relativamente ao sub-bosque, vi por lá vários espécimes de sândalo-branco, trovisco, gilbardeira, vinca, giesta, urze, saganho-mouro, aderno, silva e pilriteiro. As amoras e os pilritos disfarçaram-me a fome. Adivinho lá para o Natal a presença de alaranjados frutos nos acúleos da gilbardeira.
Sândalo-branco - fruto
Trovisco - hábito
Trovisco - folhas e flores
Gilbardeira
Aderno
Silva - frutos
Silva - Folhas
Pilriteiro - hábito
Pilriteiro - frutos
Nas clareiras, a beleza da cebola-albarrã deixou-me boquiaberto.
Nas clareiras, a beleza da cebola-albarrã deixou-me boquiaberto.
Cebola-albarrã - hastes florais
Cebola-albarrã -botões florais
Passa um barco-cruzeiro e os turistas de máquina fotográfica em riste disparam em todas as direções. De pé junto a uma fraga aceno a quem passa. Tragicamente, após terem desembolsado algumas centenas de euros, muitos dos turistas que me acenam sairão do Douro sem terem sentido o fresco das suas águas e demais tesouros naturais. Mal sabem eles a preciosidade que guardo a meus pés - um buxo lado a lado com uma zelha. Um e outro presentes no Douro, nunca os tinha visto juntos. Ambos são abundantes na ilha. Quanto ao buxo, autóctone sem sombra de dúvida, é o mesmo que se vê nos jardins formando esculturas vivas, a chamada arte da topiaria.
Zelha - hábito e folha
Buxo em substrato rochoso
Buxo - folhas
Quem desejar conhecer a ilha dos amores, saiba que se localiza junto à aldeia do Castelo – Castelo de Paiva. No local, pelo menos durante o verão, existem canoas para alugar.
Rafael Carvalho / ago2012
Fantástico como numa ilha tão pequena é possível encontrar tantas espécies! ...e logo duas pouco comuns como a zelha e o buxo.
ResponderEliminarRúben,
ResponderEliminarfiquei deliciado!
A Ilha dos Amores constitui uma amostra do que seria o nosso território se não alterasse-mos os nossos ecossistemas.
Cumprimentos.
O local é simplesmente maravilhoso, um verdadeiro tesouro apenas possivel pelo dificil acesso. Os tesouros fecham-se a sete chaves...
ResponderEliminarFernanda,
ResponderEliminarefetivamente em Portugal os locais com a natureza em bruto vão escasseando...
Cumprimentos
Ilha dos Amores é um nome recente e fruto da imaginação popular, e juvenil, julgo eu!
ResponderEliminarA ilha tem o nome de Ilha do Outeiro, pronunciada pelos meus conterraneos antigos como "Iteiro" (antes de ser ilha\antes da barragem) ou "Ilha do Iteiro".
Geográficamente pertence ao concelho de Cinfães, mas era terreno propriedade de uma familia rica de Castelo de Paiva,e mais tarde foi comprada pela Camara Municipal!
A ilha era propriedade do solar mais antigo de Castelo de Paiva, a Quinta da Cardia, onde passei a infancia com o caseiro, o Sr José, meu avô!
Foi em tempos arrendada como campo de cultivo, e a renda era paga pela Páscoa, em géneros: Lampreias!
Foi aquela ilha, mais concretamente a construção que nela existia e que tive oportunidade de escavar num projecto arqueologico, que deu o nome ao concelho;
Existia lá na idade média uma torre, tipo castelo, em cima do mais alto rochedo da ilha (os alicerces rasgados na pedra ainda lá estão) que servia para vigiar a autoestrada da época: o rio!
A torre, ou o "Castelo", Junto ao rio Paiva, deu origem ao Castelo do Paiva, e mais tarde, Castelo de Paiva!
O meu Bisavô liderava carreiras de carros de bois que distribuiam mercadorias pelos concelhos vizinhos, desembarcadas dos rabelos no cais do Castelo!
A ilha esteve em risco de ser levada pelas águas devido à constante dragagem de areias no sopé (tal como a ponte que ruiu); a CMCP lançou um concurso para a construção de um paredão no local da outrora praia que existia a jusante da ilha; Quem ganhou a obra (concurso) foi a empresa que quase destruiu a ilha, a empresa que fazia as dragagens, a inersel!
Quanto à sua biodiversidade, pois é disso que trata o blog, saber que já foi um simples terreno de cultivo, diz tudo!
Mais, já lá introduziram coelhos, que sem predadores se multiplicaram ao ponto de roerem tudo o que lhes aparecia...
Só mais uma curiosidade:
Diz-se que existe um tunel\passagem secreta desde a ilha até á capela de Escamarão... o que, até nem seria descabido, visto ser um posto de vigia!