quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Rubros são os medronhos, do meu jardim…


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No meu jardim tenho vários medronheiros. Esta espécie arbustiva, tão característica dos matos durienses, foi das primeiras a ser plantada no meu jardim.
No medronheiro, sempre achei curiosa a presença simultânea de flores e frutos. Os atuais medronhos, convivem com as flores que darão origem aos frutos do ano seguinte.
Encantada fica a passarada! Numa época de escassez alimentar, o rubro medronho é ouro sobre azul…
Rafael Carvalho / nov2012

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Explode de cor, o meu jardim…

 


 



  

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Num verdadeiro fogo outonal, entre zelhas, castanheiros, pilriteiros e outras caducifólias, explode de cor o meu jardim. Os medronhos em fase de amadurecimento, também dão uma ajuda.
É da zelha a maioria das folhas que acima apresento. Trata-se de uma planta autóctone excecionalmente ornamental, infelizmente pouco frequente nos nossos jardins. Não sendo abundante, conheço contudo alguns locais aqui no Douro onde a zelha ocorre espontaneamente.
Rafael Carvalho / nov2012


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

23 de novembro - Dia da Floresta Autóctone

murta (Myrtus communis)
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Hoje, dia 23 de novembro, celebra-se o Dia da Floresta Autóctone. Neste dia, que visa promover a conservação das florestas naturais, as condições climatéricas em Portugal adaptam-se perfeitamente à sementeira ou plantação de árvores. Constitui pois uma alternativa ao Dia Mundial da Floresta, 21 de Março, que foi criado inicialmente para os países do Norte da Europa.

Floresta autóctone – floresta com espécies originárias do próprio território. As plantas autóctones estão melhor adaptadas às condições de solo e clima da região, sendo por isso mais resistentes a pragas e doenças, em comparação com as espécies introduzidas. Trata-se de um elemento chave na conservação da nossa biodiversidade e do nosso património paisagístico.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Quando a ciência cuida da cepa...

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As pragas afligem muitos dos viticultores da região, mas o combate pode ser feito com recurso à vegetação autóctone ou à técnica de confusão sexual. “Queremos construir uma rede de corredores ecológicos (com sebes, rosas bravas, madressilvas), que terá como primeiro objetivo a proteção contra as pragas, nomeadamente a traça-da-uva. Esta rede terá de ser multifuncional, contribuindo para o embelezamento paisagem e garantindo os habitats de aves, mamíferos ou répteis”, sintetiza Laura(1). (…)
A conservação da biodiversidade é crucial para a sustentabilidade dos ecossistemas agrários, conduz a uma redução dos tratamentos da vinha e é um forte contributo ao nível da manutenção da paisagem e do seu potencial turístico. (…)
Iniciado em 2011, o projeto Maximização dos Serviços do Ecossistema na Vinha da Região Demarcada do Douro está a ser desenvolvido em seis quintas durienses, num total de 700 hectares.

(1) Laura Torres, professora e investigadora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro+
Este texto foi extraído da revista “repórter do marão” nº 1268 / out2012 (pg.6). O texto integral pode ser consultado clicando aqui.Também aqui poderá ler mais sobre o assunto.

sábado, 17 de novembro de 2012

Rosmaninho do meu jardim…



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Rosmaninho do meu jardim, quem o viu e quem o vê!
Explode de cor na primeira imagem, o rosmaninho do meu jardim. A estação favorável porém finou-se, arrastando com ela os pigmentos. Restaram flores secas e folhas sugadas pela intensa floração.
Sem qualquer intervenção, o rosmaninho envelhece muito precocemente. Uma poda intensa no outono, favorece o rejuvenescimento. E aí está na segunda imagem o mesmo rosmaninho, agora barbeado, aguardando novo ciclo primaveril. Como ainda não estamos no inverno, vai ter ainda muito que esperar.
Rafael Carvalho / nov2012

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Madressilva e vide-branca - mais algumas lianas para o meu jardim.

Vide-branca - Clematis campaniflora
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Madressilva - Lonicera implexa+
Os jardins fazem-se e refazem-se.
Tragédia das tragédias, a determinado momento esgota-se o espaço disponível para as árvores. O sorriso é devolvido quando verificamos ainda ser possível acrescentar mais alguns arbustos. Na natureza, habituados ao domínio das árvores, muitos dos nossos arbustos autóctones são parte integrante do sub-bosque. Dentro da lógica definida, o que fazer quando finalmente se esgota o espaço reservado para árvores e arbustos? Restam as lianas – clematite, madressilva, salsaparrilha, candeia… Entrelaçadas entre árvores e arbustos, estas lianas convivem perfeitamente com as plantas que lhes servem de suporte.
São dois os pés de clematite (vide-branca) presentes na primeira imagem. São três os pés de madressilva presentes na segunda. Após uma expedição ao monte no fim-de-semana passado, plantei-os no meu jardim.
Rafael Carvalho / Nov2012

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

La multiplicación de las plantas autóctonas de la península ibérica

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Título: La multiplicación de las plantas autóctonas de la península ibérica
Edita: Dirección General del Medio Natural, Consejería de Medio Ambiente y Ordenación del Territorio
Textos y fotografias cedidos por: Patxi Suárez, Rosa Forcén
Colaboraciones: Juan José Muñoz.
Diseño y producción: SMA
Aceda à publicação clicando aqui.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Parques e Vida Selvagem - edição de outono

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Foi publicada mais uma edição da revista PARQUES E VIDA SELVAGEM.
Trata-se de uma excelente revista... ainda por cima gratuita!
As traves-mestras desta publicação são a educação ambiental e a conservação da natureza.
A revista PARQUES E VIDA SELVAGEM é produzida trimestralmente pelo Parque Biológico de Gaia.
Obtenha o seu exemplar digital (Acrobat reader)
clicando aqui
Também aqui poderá obter os números anteriores.
Rafael Carvalho / nov2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Plantas autóctones no jardim – Porquê?



Cebola albarrã - Urginea maritima

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O termo autóctone é sinónimo de nativo ou indígena, isto é, diz respeito a todo o ser vivo originário do próprio território onde habita.
O território continental português é ponto de encontro de duas regiões biogeográficas: a Eurossiberiana e a Mediterrânica. Na região Eurossiberiana, inclui-se o noroeste de Portugal Continental, com um clima temperado e chuvoso, fortemente influenciado pelo efeito amenizante do Oceano Atlântico. A Região biogeográfica Mediterrânica, que ocupa a restante parte do nosso território, caracteriza-se por possuir um clima em que as chuvas escasseiam durante o verão. Às distintas regiões biogeográficas correspondem faunas e floras muito próprias, muitas vezes sobrepostas no caso do nosso país por se localizar na franja de transição. No contexto europeu, a localização geográfica de Portugal, ponto de encontro de dois mundos, coloca o nosso país numa invejável posição no que à biodiversidade diz respeito.
Imagem obtida aqui

Existe uma expressão popular portuguesa que afirma “A galinha da minha vizinha é melhor do que a minha”. Curiosamente o dito pode ser pensado ao contrário. As minhas galinhas, para as minhas vizinhas, serão pois melhores do que as delas. Confuso! Dá que pensar…
Votadas ao desprezo por nós, as nossas plantas têm lugar de destaque em paragens distantes. Para os franceses o azereiro (Prunus lusitânica) é o Loureiro de Portugal, para os ingleses o rosmaninho (Lavandula stoechas pedunculata) é a Lavanda portuguesa. E o que dizer do carvalho português (Quercus faginea)?!…
Pinheiros mansos, lódãos, sobreiros, … Arquitetos paisagistas como o arquiteto Ribeiro Teles, são um verdadeiro exemplo a seguir. Com visão de futuro transportam os nossos espaços naturais para o interior das nossas cidades.


Rosmaninho - Lavandula stoechas 


Algumas das nossas espécies autóctones já são entre nós comercializadas, sem que a maioria dos consumidores suspeite sequer de que se tratam de espécies autóctones – medronheiro, folhado, pilriteiro, loendro, rododendro, madressilva, alecrim, murta, loureiro …
Entre herbáceas, plantas de cobertura, arbustos, árvores e trepadeiras, existem contudo muitas outras espécies cujo potencial se encontra desaproveitado: esteva, sabugueiro, roselha, trovisco, sargaço, tojo, sanguinho das sebes, carqueja, lentisco bastardo, catapereiro, jasmim-do-monte, carrasco, vinca, vide-branca, zambujeiro, morangueiro bravo, arméria, roseira brava…
Cada região biogeográfica tem a sua flora característica, capaz de servir de inspiração na hora de construirmos os nossos jardins. Os modelos de jardim importados, exigem muita manutenção. São mantidos à custa de muito dinheiro gasto em água, que não temos, e em adubos. As chuvas na maior parte do nosso território são escassas e irregulares, concentradas apenas numa parte do ano. Os modelos importados abusam dos relvados, quando os nossos prados naturais, limpos e cortados, mesmo que secos no verão se enquadram no ambiente natural da Europa do Sul, onde nos encontramos.
A menos que sejam invasoras, com este texto não pretendo de forma alguma fazer um apelo à irradicação das plantas exóticas dos nossos jardins. Quase todos os dias como batatas. A batata que eu como e nós cultivamos é uma exótica importada da América do Sul. Também da América veio o milho, e como gosto eu de broa! E o que dizer das saborosas laranjas que os portugueses trouxeram do Oriente? Nos passeios que dou pelas cidades que vou visitando, os seus parques e jardins são ponto de paragem obrigatória. Quando visito um jardim botânico, muitas das vezes constituído maioritariamente por plantas exóticas, entro em êxtase. Vinda dos trópicos, como admiro eu a nepentes que lá em casa tenho suspensa na minha cozinha…
Com este texto, pretendo simplesmente chamar a atenção para o desprezo a que têm sido votadas as nossas plantas autóctones. Eu próprio tenho um jardim autóctone e com isso fico satisfeito.
Lestisco-bastardo - Phillyrea angustifolia
Com objetivos produtivos ou ornamentais, plantas existem que não sendo autóctones há muitas centenas de anos convivem entre nós: ciprestes, amendoeiras, oliveiras, figueiras, romãzeiras, laranjeiras, limoeiros. Aliadas às autóctones estas plantas produzem espaços ajardinados bastante equilibrados e agradáveis, respeitadores das nossas paisagens.
É também através das plantas autóctones que os turistas que nos visitam podem reconhecer a singularidade do nosso país. A vegetação natural ajuda a ler o território. É isso que o turista procura quando visita um país estrangeiro. A nossa vegetação nativa deve para nós ser um motivo de orgulho. Os turistas que nos visitam procuram o que de mais genuíno possuímos - as nossas cores, os nossos aromas, as nossas formas. Se quisessem apreciar paisagens tropicais, repletas de palmeiras, não seria Portugal que procurariam. As plantas autóctones respeitam as nossas paisagens e a nossa cultura, produzindo jardins mais autênticos e genuínos. E não nos esqueçamos que as paisagens são tão identitárias para os povos como a sua língua - e como gosto eu de falar português!
A combinação de cores intimamente ligada às estações, os aromas, as texturas e composições vegetais, o relevo e os próprios sons permitem identificar a região onde nos encontramos. Os sabores também não ficam de fora – no verão delicio-me com as camarinhas em pleno litoral arenoso; no inverno embriago-me com os medronhos em pleno Alto-Douro vinhateiro. 
Verdade seja dita que muitas das nossas plantas autóctones são difíceis de obter. Muitos desconhecem as suas potencialidades…. Os circuitos comerciais e de produção, muitas vezes estão sediados em países distantes que desconhecem o potencial da nossa flora. Acredito que se estas plantas fossem parte integrante da flora onde a investigação em floricultura é mais avançada, já há muito estariam difundidas pelos jardins. O facto de continuarmos a valorizar exotismo em regime de exclusividade, também não ajuda.
Nem tudo está perdido. No nosso país existem empresas a dar os primeiros passos na investigação e produção de plantas autóctones. A lisboeta Sigmetum (http://sigmetum.pt/), a funcionar na Tapada da Ajuda, é um exemplo de excelência.

Com recurso à reprodução vegetativa ou através de sementes recolhidas na natureza, os mais aficionados poderão constituir o seu próprio viveiro de plantas autóctones. Evidentemente que esta solução não é para todos.
Habituadas às agruras na natureza, as espécies nativas são muito rústicas. Com apenas um pouco de mimo, florescem abundantemente e apresentam vigorosas folhagens nos nossos jardins. As plantas dos nossos espaços naturais são as que melhor se adaptam às nossas características do solo e do clima.
 
Sândalo-branco -  Osyris alba
Claro que ser autóctone não é um passaporte garantido para a plena adaptação ao nosso jardim. Dentro das plantas autóctones existem plantas adaptadas a diferentes habitats/ecossistemas. Plantas ruderais, rupícolas, ripícolas, resistentes ou não a solos calcários… observando a natureza é necessário escolher a planta certa para o lugar certo. Apesar de autóctone, não me parece ser boa ideia plantar um nenúfar-branco numa floreira de varanda; também não me parece bem plantar um sobreiro no meio de um lago… Um jardim com espécies autóctones no atlântico Gerês, será necessariamente diferente do equivalente no mediterrânico Algarve.
Escolhida a planta certa para o lugar certo, as plantas autóctones após a fase de implantação dispensam a rega. Não há necessidade de fertilizantes nem de cuidados sanitários. Estas plantas desenvolveram ao longo de milhares de anos diversas adaptações ao meio que lhes conferem um elevado nível de resistência a pragas e a doenças. Uma vez plantadas têm a capacidade de se auto-regenerarem. Necessitando de muito pouca manutenção, as plantas autóctones tornam mais sustentáveis os nossos espaços verdes. Acresce ainda que muitas das plantas da nossa flora espontânea têm propriedades medicinais, são aromáticas e/ou condimentares podendo por isso representar mais uma forma de valorizar as potencialidades de cada região.

Os jardins autóctones fomentam a biodiversidade. À riqueza florística adiciona-se a riqueza faunística, pelas relações que as plantas autóctones estabelecem com os animais, fornecendo-lhes alimento e abrigo.
Com recurso às plantas autóctones, as paisagens portuguesas poderão ser ainda mais portuguesas.
Rafael Carvalho / nov2012

domingo, 4 de novembro de 2012

Plantei um teixo no meu jardim

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Possuo algumas dezenas de espécies de árvores e arbustos autóctones.
Dentro da lógica que estabeleci no meu jardim, começa a faltar espaço para novas plantas.
A inexistência de um teixo (Taxus baccata) constituía porém uma grande falha, agora reposta. São poucos os locais do nosso país onde existem teixos em estado natural - Serra da estrela, Gerês,… Confesso que no seio da natureza nunca tive o privilégio de ver algum.
A quase totalidade das plantas do meu jardim foram adquiridas a custo zero, ora no viveiro da berma da estrada, ora no viveiro do ribeiro mais próximo. Comprado por 3,60€, o teixo que agora apresento é uma exceção.
À semelhança do azevinho, o teixo é uma espécie dioica, existindo plantas femininas e plantas masculinas. Não faço a mínima ideia se me calhou um menino ou uma menina. Não será pois fácil encontrar-lhe um parceiro.
Rafael Carvalho / nov2012