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Científico ou comum, o nome das plantas troca-nos por vezes as voltas. Nascido no litoral, habituei-me a conviver à beira-mar com a perpétua-das-areias. Uma vez chegado ao Alto Douro, encontrei a perpétua-das-areias, nas rochas!
Perpétua-das-areias é o nome comum de duas plantas do mesmo género botânico - a Helichrysum italicum, exclusiva de solos arenosos próximos do litoral e a Helichrysum stoechas, presente em locais secos e soalheiros, muitas vezes rochosos. É evidente que os espécimes com que me cruzo no Alto-Douro são da espécie Helichrysum stoechas.
Na Antiguidade, as flores do género Helichrysum eram muito utilizadas para fazer grinaldas, com que se coroavam os ídolos. Por conservarem por muito tempo a sua cor amarelo dourada, eram conhecidas pelo nome vulgar de imortais ou perpétuas, daí o seu nome. O próprio termo Helichrysum, que resulta da junção de dois termos gregos, hélios (sol) e chrysos (ouro), realça a cor das flores destas plantas.
Pela invulgar fragrância a caril, as duas espécies referidas neste texto são utilizadas em culinária, em pratos de arroz e vegetais.
Adaptadas ao nosso meio, dependendo da estação formam belos tufos ora prateados ora dourados, consoante predominem as folhas ou as flores. Não poderia pois eu de deixar de ter a perpétua-das-areias (Helichrysum stoechas) no meu jardim.
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Nome vulgar: Perpétuas-das-areias; Perpétuas; Perpétua-de-flores-encarreiradas; Marcenilha.
Família botânica: Asteraceae.
Nome científico: Helichrysum stoechas.
Distribuição Geral: Sul e Oeste da Europa; Norte de Marrocos.
Distribuição em Portugal: encontra-se dispersa no território nacional, estando apenas ausente no litoral alentejano, no litoral centro entre Nazaré e Aveiro bem como no Norte interior à exceção do Alto-Douro e depressões anexas.
Habitat: Terrenos incultos, Rupícola, Matos xerófilicos abertos. Em sítios secos e soalheiros, indiferente edáfico.
Floração: abril–setembro
Características: Trata-se de uma planta perene, hermafrodita, herbácea, ainda que possa ter a base lenhosa. Os ramos erguidos formam almofadas densas, a que correspondem semiesferas com raios rondando os 40-50 cm. As folhas, algo peludas, estreitas, lineares e com o bordo enrolado, de cor prateada, ao serem tocadas emanam um forte odor a caril. As flores amarelas são compostas, em capítulos globosos reunidos em grupos na extremidade dos caules. As inflorescências são rodeadas de brácteas ásperas.
Resistente ao frio e tolerante à exposição direta ao sol, no jardim dispensa a rega. A perpétua-das-areias é muito usada em arranjos florais. Valoriza qualquer jardim pela cor dourada das suas flores e pelo tom prateado das suas folhas. O seu hábito, naturalmente semiesférico, também poderá ser uma mais-valia.
Rafael Carvalho / jan2013