sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O meu Jardim Natural


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O espaço ajardinado envolvente à minha casa é partilhado com a vida selvagem local.
A construção de um lago, a existência de caixas-ninho e comedouros para a passarada, pretende dar uma ajuda. Sem peixes predadores o meu lago serve de habitat a uma miríade de anfíbios e insetos, até as cobras de água não lhe dizem que não!
Uma sebe de plantas autóctones (abrunheiro-bravo, pilriteiro, zelha, giesta-branca, maia, sabugueiro, alecrim, medronheiro...), verdadeiro corredor de biodiversidade, rodeia a minha propriedade. As várias dezenas de espécies de arbustos aí existentes, dão abrigo e alimento à bicharada. Um melro aqui, um coelho ali, um lagarto acolá, … é impossível estar no jardim sem me cruzar com um destes bicharocos. O meu lago, fonte de água, é ponto de encontro certo. Um jardim assim é ótimo para a minha família e bastante pedagógico para os meus filhos.
Tenho alguns sobreiros, pinheiros mansos, carvalhos e castanheiros plantados no jardim. Estas árvores autóctones são ainda jovens. Quando maduras, os seus frutos intensificarão o efeito íman que pretendo desenvolver.
No meu jardim um amontoado de pedras e um ocasional monte de lenha serve de refúgio para pequenos mamíferos, anfíbios, repteis e vários invertebrados. As vedações no meu jardim são limitadas, não tem por isso fronteiras.


Nos meus muros de pedra as plantas distribuem-se de acordo com as suas preferências em termos de humidade e exposição ao sol. Também nos seus interstícios encontra abrigo a bicharada. Um casal de chapins azuis todos os anos me presenteia nidificando num dos muros do meu jardim.
No forro de madeira do meu telheiro uma colónia de morcegos encontrou abrigo. Em busca de alimento, sobrevoam o meu lago nas quentes noites de verão.



Com um longo período de floração, rosmaninhos, alecrins e outras espécies melíferas atraem uma grande quantidade de insetos, entre os quais as belas e frágeis borboletas.
No meu jardim preservo as minhocas que descompactam o solo, reciclam a matéria orgânica, mantém a fertilidade e favorecem a infiltração da água. O meu compostor é um paraíso para as minhocas.


Relva não tenho. Um prado natural que vou enriquecendo com sementes colhidas na região não necessita de rega. Sem rega o prado não cresce tanto, necessitando apenas de três cortes anuais – sobra mais tempo para gozar o jardim. Se nasce uma margarida no prado, erva daninha para muitos, fico contente. Não me incomodo com o musgo que cresce à sombra das árvores.
Plantas que outros arrancam são por mim adotadas no jardim – são úteis a este ou àquele inseto, hóspedes no meu jardim. Joaninhas e abelhas solitárias, todas são proveitosas ao condomínio.
Possuo diversas árvores de fruto e até uma sebe produtora de frutos silvestres. A fruta como-a eu, o resto da família, mas também os amigos (os humanos e os selvagens).
Prado, arbustos e árvores autóctones, muros de pedra, pomar e lago, pretendo contribuir para manter a cadeia frágil que une todos os seres vivos. Não nos esqueçamos que quanto maior a diversidade de ecossistemas num jardim, maior será a sua biodiversidade.
Aos olhos de um jardineiro convencional, que tudo mantem controlado, o meu jardim é pleno de defeitos. Contudo, os sítios naturais intocados não deixam de ser belos e ninguém os controla!...
Rafael Carvalho / ago2013

1 comentário:

  1. Boa tarde Rafael,
    Bem sei que estuda dinamizar e incrementar o seu jardim autotone ainda mais, mas será completamente errado inserir arvores exógenas num ecossistema endógeno, tornará o ambiente menos salutar, mitigará de alguma forma as interdependências criadas, ou, pelo contrário poderá até ajudar a criar outras.

    Sou leigo na matéria e apenas procuro perceber se ao inserir plantas/arvores não autotones estarei a deturpar o ambiente preexistente.

    Convém aclarar que não estou a falar de espécies invasoras, ou pelo menos, acho que não. Mormente plátanos, acer palmatum, jacaranda, grevilias, nogueira do japão, cupressus, liquidambar, etc.

    Eu poderia simplesmente colocar mais espécies da fauna autotone mas o terreno que tenho está recheado delas e queria aditar cores diferentes ao ambiente.

    Se puder partilhar a sua opinião eu agradecia imenso.

    Saudações verdes!

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