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Plantei mais um azevinho no meu jardim. Já possuía três pés,
dois meninos e uma menina.
Os meninos resultaram de uma sementeira que em tempos fiz. Ora
como todos sabemos, apesar de indispensáveis à reprodução sexuada, os rapazes
não frutificam.
A fêmea que até agora possuía, comprei-a num viveiro de rua.
Frutos dá e em abundância mas o diabo da planta não se desenvolve! Julgo
tratar-se de um cultivar que valoriza a proliferação de bagas em detrimento do
porte.
Ora o pé que agora plantei é um rebento direto de um azevinho fêmea
descendente de espécimes selvagens autóctones. A improvisada, robusta, fértil e
altiva mãe encantou-me. Geneticamente tenho o que pretendia. Se as condições
ambientais forem favoráveis, daqui a alguns anos terei uma prenda de Natal
diferente.
Apesar dos constantes mimos, não quero correr riscos. E se o
meu novo pé não vingar?
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Prevendo essa eventualidade envasei outros dois pés, gémeos
do primeiro, clones da mãe.
O vaso da esquerda contém um pé enraizado. O vaso da direita
é uma simples estaca – já agora quero ver se funciona. Imitando o que se passa
na natureza, vou mantê-los afastados da luz direta.
Rafael Carvalho / mar2012