sábado, 23 de junho de 2012

Explode de vida, o meu charco…

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A presente fotografia, obtive-a no meu charco. O seu conteúdo enche-me de orgulho.
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A construção de um charco, concretização de um sonho de criança, permitiu fomentar a biodiversidade no meu jardim. Entre plantas e aninais, pretendia albergar em 36 metros quadrados o maior número possível de seres vivos, uma forma diferente de comemorar o então ano internacional da biodiversidade.
Um charco no jardim, funciona como uma maternidade para alguma da vida selvagem. Plantas aquáticas, animais como os anfíbios e as libelinhas são totalmente dependentes da água para poderem sobreviver. Estes animais retribuem controlando pragas agrícolas. Não é de desprezar ainda o valor paisagístico de um charco, bem como o prazer que ele pode oferecer ao permitir a observação de aves, insetos e anfíbios.
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Na base da cadeia alimentar estão as plantas. As plantas servem ainda de refúgio a muitos animais bem como local de postura dos seus ovos. Espadana-de-água, tábua, junco, rabaça, caniço, lírio-amarelo-dos-pântanos, carriço-dependurado, pulgueira, bunho, salgueirinha, colher, celga, nenúfar, erva-do-peixe-dourado, ranúnculo aquático, lentilha-de-água,… – foi por aí que eu comecei. Como em qualquer outro jardim, um jardim aquático nunca está terminado. Das expedições que ainda hoje faço aos cursos de água da região continuo a trazer plantas, tendo o cuidado de não transportar comigo plantas exóticas invasoras.
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Quando terminei a construção do meu charco, derramei no seu interior um balde de lodo, verdadeiro fermento de vida, trazido de um outro lago. Foi a forma que encontrei para o ativar. O lodo contém microrganismos, invertebrados e seus ovos, indispensáveis ao equilíbrio do ecossistema.
Os primeiros insetos a aparecerem no meu charco foram os barqueiros e os alfaiates. Os últimos acabaram destronados pelos primeiros. Também já por lá vi escorpiões-de-água e escaravelhos-de-água. São diversas as espécies de libelinhas que sobrevoam o meu charco, com destaque para o imperador-azul, admirável helicóptero no mundo dos insetos.
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Pastando no meu lago, são visíveis os caracóis aquáticos. Também já por lá detetei sanguessugas.
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Com a base da cadeia alimentar estabelecida, não demoraram a surgir os anfíbios. Primeiro a rã-verde, depois o tritão marmoreado. Já tentei introduzir a rã ibérica, presente na minha região, mas não tive sucesso. É indiscritível a sensação de ouvir coaxar as rãs, especialmente nas noites quentes, verdadeira melodia para os meus ouvidos.
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Surpresa foi no outro dia ter visto no meu charco uma cobra de água, ser que, relativamente aos anfíbios, se encontra um patamar acima na cadeia alimentar! A cobra de água é um ser completamente inofensivo para nós humanos. A sua presença só é possível devido à existência de anfíbios, suas presas. Este acontecimento é para mim a cereja no topo do bolo, sinal de êxito deste meu empreendimento.
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Pintassilgos, verdilhões, pardais, arvéolas, … No meu charco matam a sede várias aves da minha região. É um corre-corre, ou melhor dizendo, um voa-voa, nos quentes dias de verão.
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Quanto a mamíferos, os morcegos ao crepúsculo fazem voos rasantes no meu charco, certamente à cata de insetos. Frequentemente vejo por lá beber o meu gato. Embora contra a minha vontade, ocasionalmente o cão da minha vizinha no meu charco toma o seu banho.
Rafael Carvalho / jun2012
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Recomendo uma visita ao sitio http://www.charcoscomvida.org/, projeto a que aderi.
Para saber mais sobre flora aquática ribeirinha,
clique aqui.
Se tiver curiosidade, para sentir o prazer de ver e ouvir uma rã-verde a coaxar,
clique aqui.

 

6 comentários:

  1. Excelente Post! Eu por acaso também tenho o sonho de ter um lago/charco no meu jardim, mas sei o trabalho que dá e como não vivo permanentemente no sitio onde tenho o jardim, torna-se ainda mais difícil, pode ser que um dia...
    Mas pronto, queria dar os parabéns pelo seu! Sei o quão difícil é manter o equilíbrio de um lago, e se o seu já está assim colonizado por tanta vida só pode ser um bom sinal! Abraço.

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  2. James,
    é mais fácil construir/manter um charco, do que parece!
    O charco alimenta-se a ele próprio.
    Ao nível da manutenção, só existe uma obrigatoriedade: no verão semanalmente/quinzenalmente controlar o nível da água. No verão gasto aproximadamente 1 m3 de água por semana. Quem estiver ausente, sempre pode recorrer a um relógio como os que se usam na rega dos relvados.
    Relativamente à forma como construí o meu charco, brevemente darei mais notícias.
    Cumprimentos.

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  3. Bem, acho que também já estou a ficar com o bichinho do charco! Quanto a essa manutenção da água, o ideal seria, por exemplo, utilizar água armazenada no inverno da chuva conduzida da cobertura da sua casa, não? Ou utiliza mesmo água da torneira por alguma razão especial?
    Obrigado,
    Cumprimentos

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  4. Quero dar-lhe os parabens pelo seu charco. Contudo, por muitos elogios que receba, eu tenho a certeza que a maior satisfação lhe advem da sensação de ter criado um novo ecossistema e de o ver crescer e desenvolver-se. Cada novo animal é uma satisfação indizivel e a cada dia renovada.
    Cumprimentos

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  5. Rúben,
    quando construí a minha casa (tem apenas quatro anos), pensei instalar um sistema de aproveitamento de águas pluviais. O sistema só tem interesse se armazenar grandes volumes. Na altura o mais barato que encontrei foi um depósito usado de 14 m3, por 2500€ (no lago gasto 1m3/semana). Necessitava ainda que alguém me instalasse o depósito. Ora 2500€ permite na minha zona comprar 2.500 m3 de água da rede pública!
    Agora que tanto se fala de sustentabilidade, armazenar a água da chuva é uma ideia excecional. É porém uma ideia ainda muito cara.
    Cumprimentos.

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  6. Fernanda,
    acertou em cheio!
    Grande prazer o meu de partilhar o meu jardim com a restante bicharada...
    Cumprimentos.

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