domingo, 29 de julho de 2012

Flor de pedra - um vaso para suculentas




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Possuo no meu jardim várias suculentas autóctones, especialmente do género Sedum. As sempre-vivas também me encantam.
Umas e outras não são nada exigentes, conseguindo sobreviver com muito pouco (ou mesmo nenhum) solo. Quanto a água, basta-lhes a da chuva.
Partilho convosco um vaso para suculentas que hoje fiz – coisa básica.
Segue a receita, em três passos.
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Material: 4 calhaus rolados achatados; 1 calhau rolado esférico; terra q.b.;
1º passo – dispor os calhaus achatados de forma a formarem as pétalas;
2º passo – preencher os interstícios entre os calhaus com terra;
3º passo – rematar o centro da flor com o calhau esférico.
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Para minimizar o arraste da terra pela chuva, dever-se-á misturar na terra alguma areia ou mesmo algumas lascas de xisto. Os calhaus rolados, com as mais variadas formas, obtêm-se facilmente num curso de água de montanha. Podemos ajustar a área de cultivo jogando com o tamanho dos interstícios entre os calhaus. Para evitar a concorrência de outras plantas, o vaso deverá ser instalado sobre uma superfície inerte – um muro; uma laje cerâmica, de pedra ou cimento.
O vaso fica desta forma pronto a ser plantado, o que por razões obvias no meu caso só acontecerá no próximo outono.
Rafael Carvalho / jul2012

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Vide-branca (Clematis campaniflora)




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Relativamente a clematites, confesso que até há muito pouco tempo só conhecia os vistosos cultivares de jardim.
Acontece que com frequência circulo no campo e existindo clematites espontâneas no nosso território, algum dia devia esbarrar em alguma, o que efetivamente aconteceu. No Douro, onde agora habito, a ladear os caminhos é frequente avistar clematites nos velhos muros de xisto.
Segundo a Flora digital, em Portugal existem quatro espécies de clematites autóctones.
Entre nós a pequena clematite da imagem é conhecida por vide-branca.
Tratando-se a vide-branca de um endemismo ibérico, a que aliás a maioria das bases botânicas chama Portuguese clematis, temos nós portugueses uma responsabilidade acrescida na sua conservação. No meu jardim autóctone tenho uma - pretendo contudo dar-lhe um lugar de destaque mudando-a de local.
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Nome vulgar: Vide-branca
Família botânica: Ranunculaceae
Nome científico: Clematis campaniflora
Distribuição Geral: Centro e Oeste da península ibérica
Distribuição em Portugal: Espontânea em Portugal, por todo o território, excepto Algarve.
Habitat: Orlas de bosques, matos e pinhais, em sebes e muros.
Floração: Junho - Setembro
Características: Planta perene, trepadora que pode alcançar 7 m de altura. Os caules são semilenhosos, muito delgados, estriados e com pelos dispersos nos nós. As folhas são trifoliadas. Com a forma de sino as flores muito perfumadas são solitárias, apresentando 4 tépalas com coloração entre o branco e o violeta.
É muito ornamental, sendo excelente para cobrir muros e vedações.

sábado, 21 de julho de 2012

Dedaleira e verbasco – sementes para o próximo ano


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O saco da imagem contém cápsulas de sementes de dedaleira e verbasco, a serem semeadas no meu jardim autóctone no próximo ano.
Rafael Carvalho / jul2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Verbasco (Verbascum sp.)






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Plantas autóctones portuguesas existem cuja identificação não deixa qualquer margem para dúvida – um medronheiro é um medronheiro; uma camarinheira é uma camarinheira; um pilriteiro é um pilriteiro; … Outras plantas pertencem a géneros botânicos pulverizados em variadíssimas espécies, cujas diferenças não são facilmente percetíveis para um aprendiz de botânico. Com alguma frustração minha o verbasco encontra-se nesta última situação. Existem cerca de 360 espécies de verbasco das quais 90 são nativas da Europa, com cerca de uma dezena a ocorrerem Portugal. Para piorar a situação muitas espécies de verbasco hibridam naturalmente, o que dificulta ainda mais a identificação.
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Não conseguindo identificar o espécime duriense das imagens, fique-se pelo género – Verbascum sp.
+O verbasco é uma planta herbácea da família Scrophulariaceae. Bastante robusto, as folhas do verbasco formam uma roseta de onde se destaca uma ou várias inflorescências em espiga. Possui como fruto uma cápsula ovóide ou elipsóide. O porte do verbasco depende da espécie em causa – se o Verbascum giganteum atinge os dois metros, o Verbascum virgatum mede menos de um metro. Habita Terrenos incultos e pedregosos e margens de caminhos.
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O verbasco possui propriedades medicinais. Na Antiguidade e durante a Idade Média acreditava-se que esta planta possuía propriedades mágicas e protetoras contra os maus espíritos.
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Muito ornamental, é bastante usado pelos ingleses nos seus jardins, facto que pode ser visto
clicando aqui.
Rafael Carvalho / jul2012

domingo, 15 de julho de 2012

As dedaleiras do meu jardim

 
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Apresento-vos hoje as dedaleiras do meu jardim.
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A primeira imagem refere-se à Digitalis purpurea, normalmente presente em matos e relvados húmidos, sendo também ruderal. Para meu expanto no meu jardim encavalitou-se num dos muros de xisto.
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Quanto à segunda imagem, reporta-se à abeloura-amarelada. Tenho dúvidas contudo relativamente à identificação da espécie. Poderá tratar-se da
Digitalis thapsi, um endemismo ibérico ou, com um pouco mais de sorte, da Digitalis amandiana, um endemismo duriense, circunscrevendo-se no mundo apenas à região do Douro, onde habito. Ambas são rupícolas, habitando locais rochosos, mais soalheiros no caso no caso da Digitalis thapsi.
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Sendo natural de Aveiro, onde as únicas rochas que me habituei a ver eram as da calçada, durante muito tempo só tive consciência da existência da dedaleira Digitalis purpurea. Uma vez no Douro, perante a abeloura-amarelada presente em locais rochosos, pensava inicialmente estar diante da mesma dedaleira.
Castigada pelas condições ambientais, teria apenas um aspeto mais amarelado. Enganei-me!
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Cruzando os dados do Flora On com os dados da Flora Digital, verificamos existirem em Portugal pelo menos quatro espécies de dedaleiras. Com flores entre o branco e o amarelo, apenas não aludi neste texto à Digitalis Mariana.
Rafael Carvalho / jul2012

 

Parques e Vida Selvagem - edição de verão

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Foi publicada no dia 11 de julho mais uma edição da revista PARQUES E VIDA SELVAGEM.
Trata-se de uma excelente revista... ainda por cima gratuita!
As traves-mestras desta publicação são a educação ambiental e a conservação da natureza.
A revista PARQUES E VIDA SELVAGEM é produzida trimestralmente pelo Parque Biológico de Gaia.
Obtenha o seu exemplar digital (Acrobat reader)
clicando aqui.
Também aqui poderá obter os números anteriores.
Rafael Carvalho / jul2011

domingo, 8 de julho de 2012

Baracejo (Stipa gigantea)



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Confesso que só muito recentemente passei a estar atento ao potencial ornamental das nossas gramíneas. Esta afirmação não a aplico contudo ao baracejo, a gramínea das imagens. A admiração que nutro por esta planta já vem de longe. Eu próprio já a plantei no meu jardim.
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Nos locais rochosos do Alto-Douro, onde resido, é quase certa a presença do baracejo. As imagens que aqui apresento obtive-as no Monte de São Domingos,

em Armamar.
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O baracejo – Stipa gigantea – é mesmo gigante, dá nas vistas e esse é o segredo do seu potencial como planta ornamental.
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É
longa a tradição dos ingleses na aplicação de gramíneas nos seus jardins. Relativamente ao baracejo, clique aqui, abra os olhos e delicie-se.
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Nome vulgar: baracejo; garacejo
Família botânica: Gramineae (Poaceae)
Nome científico: Stipa gigantea
Distribuição Geral: SW da Europa; N de África; W da Ásia
Distribuição em Portugal: Douro e depressões anexas (Flora Digital) bem como a zona Sul do país (Flora ON);
Habitat: rupícola mas também em prados perenes, do interior às arribas litorais.
Floração: junho - julho
Características: O baracejo com as suas espiguetas pode atingir 2m de altura. As suas folhas são estreitas e lineares, formando tufos.
Em jardins rochosos, ou não, com as suas grandes inflorescências douradas, esta é sem dúvida umas das gramíneas autóctones com maior potencial ornamental.
Rafael Carvalho / jul2012

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Cravina-brava (Dianthus lusitanus)




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Ao Alto-Douro já lhe ouvi chamar ilha de xisto. Foi pois nesse ambiente que eu me habituei a viver. Acontece que na minha ilha de xisto também existem ocasionais afloramentos graníticos, com vegetação muito própria: dedaleira-amarela; baracejo; cravina-brava; …
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Viver nas fissuras das rochas não é para todos. Quem poderia supor que das
rochas poderiam brotar flores?
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Se a cravina-brava é graciosa, se a cravina-brava é autóctone, tinha de a ver no meu jardim. A última fotografia prova a concretização desse meu desejo. Coloquei-a numa brecha no seio da minha calçada, evitando dessa forma a concorrência de outras ervas. Com alimento à descrição e sem ervas rivais, é vê-la crescer – faça-se a comparação com a primeira imagem relativa a uma cravina a viver no monte.
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Habituada às agruras da rocha, a minha cravina-brava dispensa qualquer mimo. Ao recusar a rega deixa-me mais sossegado quando parto de férias no verão.
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Nome vulgar: Cravina-brava; Craveiro-de-Portugal; Cravo-de-Maio; Cravo-rosado
Família botânica: Caryophyllaceae
Nome científico: Dianthus lusitanus
Distribuição Geral: Península Ibérica e Norte de Marrocos.
Distribuição em Portugal: Norte interior; Centro interior; Sul interior
Habitat: rupícola, em fendas e plataformas de rochedos ácidos sem solo, em locais com elevada exposição solar.
Floração: junho - setembro
Características: Atinge 15 a 45 cm de altura com os caules finos e lenhosos formando tufos. Os caules floríferos podem ser simples ou ramosos. As folhas são um tanto carnudas, lineares, não possuem nervura aparente, com a margem inteira ou apenas serrilhada na base. As flores surgem solitárias ou aos pares no extremo dos ramos. O cálice estreita progressivamente no extremo superior. Possui cinco pétalas intensamente rosadas e profundamente dentadas.
Tem um grande interesse ornamental, podendo ser plantada em jardins rochosos ácidos.
Rafael Carvalho / jul2012

terça-feira, 3 de julho de 2012

Rãs e libelinhas no meu charco…





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Insectos, moluscos, crustáceos, anfíbios, repteis, … .A fauna que habita o meu charco é diversificada.
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Ao contrário das plantas, os animais tem pernas e/ou asas pelo que na minha presença fogem. A minha máquina fotográfica é das mais simples, não permitindo grandes definições quando faço atuar o zoom. De fotografia percebo muito pouco e, para piorar a situação, com reflexos constantes fotografar num ambiente aquático não é propriamente fácil.
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Apesar das limitações, apresento hoje quatro fotografias obtidas no meu charco. Fazem-me lembrar as imagens desfocadas das revistas cor-de-rosa. As duas primeiras têm por protagonista a rã-verde (Rana perezi). As duas últimas têm por protagonista a libelinha, cuja espécie gostava que alguém me ajudasse a identificar.
Rafael Carvalho / jul2012

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Plantio de um charco – classificação das plantas


Foto da autoria do próprio no próprio charco
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Um charco quer-se biodiverso. Quanto mais espécies vegetais em equilíbrio tiver um charco, mais rica será a vida animal que lhe estará associada.
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As plantas aquáticas alegram-nos com a sua beleza, fornecem oxigénio, refúgio e local de desova para muitos animais. Concorrem ainda com as indesejáveis algas.
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Na escolha das plantas aquáticas dever-se-á dar prioridade às autóctones, mais adequadas ao nosso clima e à nossa paisagem. As plantas autóctones mais facilmente interagem com a fauna local. Se forem colhidas diretamente na natureza, num ambiente aquático próximo, são adquiridas a custo zero, evitam a contaminação genética e a introdução de espécies invasoras.
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Segue-se uma possível classificação das plantas, segundo a posição que ocupam no charco relativamente à margem ou ao nível da água. Esta classificação não é universal e o mesmo termo pode ter diferentes significados consoante a fonte.
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Plantas flutuantes: são as plantas que flutuam na superfície da água, não possuindo raízes fixas a qualquer substrato. Preferem águas calmas e necessitam de sol pleno. Oferecem sombra para os seres submersos.
Exemplo: lentilha-de-água.
Plantas de folhagem flutuante: são plantas que fixam as raízes ao solo. As suas folhas, no início submersas, emergem e ficam em contato com a atmosfera. A sua floração é aérea.
Exemplo: nenúfar.
Plantas submersas: são plantas que fixas no solo desenvolvem a sua folhagem dentro de água. As plantas submersas contribuem para a oxigenação da água e evitam o desenvolvimento de algas indesejáveis que gostam de águas pouco oxigenadas. Muito apreciadas pela fauna aquática, as plantas submersas servem de refúgio e local de desova para diversos animais.
Exemplo: erva-do-peixe-dourado.
Plantas emergentes / plantas marginais: as plantas marginais preferem os locais rasos, como as margens do charco. Permanecem com as raízes e a primeira porção do caule submersos. As folhas desenvolvem-se fora de água. Oferecem excelente abrigo aos anfíbios, insetos e outros animais aquáticos.
Exemplo: lírio-amarelo-dos-pântanos.
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As plantas flutuantes e de folhagem flutuante devem ser controladas, por forma a manter livre 2/3 ou mesmo ¾ da superfície da água. Também as plantas emergentes e as plantas submersas poderão ser muito colonizadoras, havendo necessidade de, nesse caso, proceder a frequentes mondas.
Rafael Carvalho / jun2012